Deolane Bezerra: Da prisão domiciliar ao presídio de Buíque - O desdobramento de um caso polêmico.

Deolane vai para o presídio de Buíque

Influenciadora digital foi detida por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A revogação de sua prisão domiciliar gerou repercussão e levantou debates sobre a atuação da Justiça.

A vida da influenciadora e advogada Deolane Bezerra, amplamente conhecida no cenário digital brasileiro, tomou um rumo inesperado e polêmico após sua prisão em setembro de 2024, como parte da Operação Integration.

A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro e práticas ilegais de jogos de azar que teriam movimentado aproximadamente R$ 3 bilhões. 

Após ter sua prisão preventiva substituída por domiciliar, a revogação dessa medida por descumprimento de medidas cautelares culminou em sua transferência para a Colônia Penal Feminina de Buíque, no interior de Pernambuco. 

A trajetória do caso é marcada por controvérsias e detalhes que revelam o peso da Justiça diante de figuras públicas de grande visibilidade.

A prisão e a operação integration.

Deolane Bezerra foi presa no dia 4 de setembro de 2024, em Recife, após ser alvo de uma investigação policial que tinha como foco uma quadrilha envolvida em lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar. 

A Operação Integration, conduzida pela Polícia Civil, revelou que o esquema movimentava bilhões de reais em atividades ilícitas.

Deolane, que há tempos tinha conquistado fama por sua presença nas redes sociais, passou a ser investigada pelas autoridades sob suspeita de envolvimento com o grupo criminoso.

Além dela, outras figuras ligadas ao esquema, como Maria Eduarda Filizola e Marcela Tavares Henrique da Silva Campos, também foram detidas.

O caso rapidamente se tornou notícia nacional, atraindo a atenção da mídia e do público, principalmente por conta da figura midiática de Deolane. 

Sua prisão gerou diferentes reações nas redes sociais, com muitos apoiadores defendendo sua inocência, enquanto críticos apontavam para o risco de influenciadores utilizarem sua popularidade para camuflar práticas ilícitas.

A prisão domiciliar e as condições do Habeas Corpus.

Logo após sua detenção, Deolane Bezerra foi beneficiada pelo habeas corpus coletivo concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018. 

Este benefício, previsto no artigo 318A do Código de Processo Penal, concede prisão domiciliar a gestantes, lactantes e mães de crianças com até 12 anos, ou pessoas com deficiência. 

No caso de Deolane, ela é mãe de uma menina de 8 anos, o que lhe garantiu o direito à prisão domiciliar.

Contudo, essa substituição da prisão preventiva por domiciliar vinha com uma série de condições rigorosas impostas pela Justiça. 

Entre as medidas cautelares que Deolane deveria seguir estavam: proibição de contato com outros investigados, permanência em casa durante todos os dias (incluindo fins de semana), e a proibição de se manifestar sobre o caso em redes sociais ou por meio da imprensa.

Qualquer descumprimento dessas normas resultaria em sanções mais severas, conforme estabelecido pelas autoridades judiciais.

O descumprimento das medidas cautelares.

Apesar das condições impostas, Deolane não cumpriu integralmente as medidas estabelecidas.

Logo após deixar a Colônia Penal Feminina, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife, cercada por jornalistas e apoiadores, a influenciadora se pronunciou em público. 

Em sua fala, Deolane classificou sua prisão como “criminosa”, uma atitude que foi vista pela Justiça como violação das medidas cautelares, uma vez que estava proibida de falar sobre o caso em qualquer meio de comunicação.

Além disso, poucos minutos após sua liberação, sua conta no Instagram divulgou uma foto polêmica: a imagem mostrava Deolane com uma fita na boca, formando um “X”, acompanhada de uma legenda intitulada “Carta aberta...”. 

A postagem foi considerada pela Justiça como outra violação das regras estabelecidas, visto que a proibição de manifestações públicas também se aplicava às redes sociais, mesmo que indiretamente.

Esse conjunto de ações resultou na revogação da prisão domiciliar de Deolane Bezerra.

A revogação da prisão domiciliar e a transferência para Buíque.

Na tarde do dia 10 de setembro, Deolane compareceu ao Fórum Rodolfo Aureliano, no Recife, para assinar os documentos relativos à sua prisão domiciliar e realizar a coleta de digitais.

No entanto, ao invés de finalizar os trâmites, foi informada de que a Justiça havia revogado sua prisão domiciliar em razão do descumprimento das medidas cautelares. A decisão ordenava seu retorno ao regime fechado.

Assim, Deolane foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML) no bairro de Santo Amaro, também no Recife, para a realização do exame de corpo de delito.

O procedimento foi breve e, após pouco mais de 20 minutos, a influenciadora foi levada diretamente para a Colônia Penal Feminina de Buíque, localizada a 279 quilômetros da capital pernambucana e a cerca de 150 quilômetros de Caruaru, no Agreste do estado.

De acordo com informações da Polícia Civil, Deolane chegou ao presídio por volta das 20h50 da noite, onde passará a cumprir a pena até que haja uma nova decisão judicial.

A Colônia Penal de Buíque, conhecida por abrigar presas em regime fechado, é uma das principais unidades prisionais femininas da região.

Repercussão e desdobramentos futuros.

A prisão de Deolane Bezerra levanta diversas questões sobre o impacto das figuras públicas no âmbito da Justiça. Influenciadores digitais possuem grande poder de comunicação e influência sobre massas, o que, muitas vezes, pode tornar o cumprimento de medidas legais mais desafiador. 

No caso de Deolane, seu descumprimento das medidas cautelares levou a uma resposta firme da Justiça, mostrando que, independentemente da fama, o sistema jurídico impõe regras que precisam ser seguidas rigorosamente.

O futuro de Deolane Bezerra, agora reclusa no interior de Pernambuco, ainda é incerto. 

Sua equipe jurídica deverá buscar novos recursos, como a tentativa de um novo habeas corpus, enquanto a opinião pública segue dividida entre os que acreditam em sua inocência e os que condenam suas ações.

Conclusão:

O caso de Deolane Bezerra é um exemplo de como o poder das redes sociais e da influência digital pode interferir nos processos judiciais.

A rápida ascensão midiática da influenciadora se choca com as regras rígidas do sistema penal, mostrando que, apesar da visibilidade e do apoio popular, a Justiça não hesitará em agir quando se trata de descumprimento da lei. 

O desfecho dessa história ainda está em aberto, mas uma lição já foi dada: o alcance da fama não isenta ninguém do cumprimento das normas impostas pela Justiça.

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